O FEITIÇO ...
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Com o passar do vento
Comigo nas ondas de casa
Inibido a ter o encontro
Nas veias do meu outro eu
Naquela infância lapidada com sonhos
Sonhos... sonhei distante
Com preços altos
Sonhei a mesa cheia
A fome longe do estômago
Acordei com o roncar da barriga
Nas mãos a criança esfarrapada
Nas ruas empoeiradas
Os pés descalços
Como um cão sem dono
Doi-me não só a pobreza
Doi-me ainda mais ser órfão
A raça no fio...
Os fins do patrão
Doi-me tanto ser a melanina sem cor nos sonhos
O diploma tirado com a guerra
Riqueza feitiço da terra
Foram espetada as rezas
Comemos os mal cozidos
A madrugadas é a cozinha
Acordamos com venenos nos pratos
Aos poucos morremos muitos
Virei o oculto
Eles os vistos
Com o tempo ficamos poucos
Os tratados manipulados
O meu rosto esquecido
Perdido no tempo dos olhos pálidos.
Com o passar do vento
Comigo nas ondas de casa
Inibido a ter o encontro
Nas veias do meu outro eu
Naquela infância lapidada com sonhos
Sonhos... sonhei distante
Com preços altos
Sonhei a mesa cheia
A fome longe do estômago
Acordei com o roncar da barriga
Nas mãos a criança esfarrapada
Nas ruas empoeiradas
Os pés descalços
Como um cão sem dono
Doi-me não só a pobreza
Doi-me ainda mais ser órfão
A raça no fio...
Os fins do patrão
Doi-me tanto ser a melanina sem cor nos sonhos
O diploma tirado com a guerra
Riqueza feitiço da terra
Foram espetada as rezas
Comemos os mal cozidos
A madrugadas é a cozinha
Acordamos com venenos nos pratos
Aos poucos morremos muitos
Virei o oculto
Eles os vistos
Com o tempo ficamos poucos
Os tratados manipulados
O meu rosto esquecido
Perdido no tempo dos olhos pálidos.
Jotta Gaso✍️"Direitos autorais reservados"
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O ROSTO DO FUTURO ...
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A velhice do tempo
Na terra nasceu analfabetos com letras e com assinaturas
Não se importaram com a geração
Ali estava a educação
Sem escola
Bem ali estava deitada
Morta de fome... com os olhos cheio de lágrimas
A mudança estava ali
Bem distante da criança
Ali estava junto com o A,B,C
Pedindo esmola
Querendo estar na escola
Nem que seja aquelas servidas com promessas de mudá-las
Aquelas sem carteiras e nem teto
Sem paredes para sustentar o rosto
Aquelas que quando caia chuva a aula terminava
Aquela que a chamei de precária
A vela sem o barco
A caneta sem o escritor
O arco-íris sem sua cor
perfumaram com medo o ar
Os mistérios do mar
Prenderam a direção da noite negra
O pescador e os sonhos
Deram a provar a lei da rolha
As asas em enxtição
O ar em escassez
As horas embriagadas
As pétalas queimadas
Nas mãos as flores murchadas
Raízes enrugadas
Sem boca para ouvir o Karingana
Os mitos aplaudidos no imbondeiro
Pérola do índico
Na altura... naquela altura onde as histórias não morriam.
A velhice do tempo
Na terra nasceu analfabetos com letras e com assinaturas
Não se importaram com a geração
Ali estava a educação
Sem escola
Bem ali estava deitada
Morta de fome... com os olhos cheio de lágrimas
A mudança estava ali
Bem distante da criança
Ali estava junto com o A,B,C
Pedindo esmola
Querendo estar na escola
Nem que seja aquelas servidas com promessas de mudá-las
Aquelas sem carteiras e nem teto
Sem paredes para sustentar o rosto
Aquelas que quando caia chuva a aula terminava
Aquela que a chamei de precária
A vela sem o barco
A caneta sem o escritor
O arco-íris sem sua cor
perfumaram com medo o ar
Os mistérios do mar
Prenderam a direção da noite negra
O pescador e os sonhos
Deram a provar a lei da rolha
As asas em enxtição
O ar em escassez
As horas embriagadas
As pétalas queimadas
Nas mãos as flores murchadas
Raízes enrugadas
Sem boca para ouvir o Karingana
Os mitos aplaudidos no imbondeiro
Pérola do índico
Na altura... naquela altura onde as histórias não morriam.
Jotta Gaso✍️"Direitos autorais reservados"
VOCÊS E NÓS, VOSSOS E OS NOSSOS ...
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Para e pensa
Pensa... pensa, pare e veja o que nos fazes
Os vossos nascem em berço de ouro
Os nossos nascem na lata de lixo e vivem nos esgotos
Dormindo com os ratos
Pessoas feitas de lixo
Vós que cuspem-nos
Por vossa causa somos os nausabundos
No útero atrofiado
Trabalhamos duro
E no final ficamos nós os esfarrapados
E vós os engomados, os bem apresentados
Os tronos pertecendo a criminosos
Bixo preguiça
Estendido na vaidade
Nos sonhos altos
Com o bolso barato
Filho do demônio
Extorquindo o povo
Com copos dourados
Flores morrendo desnutridas
Sem comida e nem cadernos
Vós que brindam e festejam pelos massacres
Nós que ficamos sem sonhos de regressar a vida
Filhos da ignorância
Amantes do diamante de sangue
Olhos astutos
Vendeu a própria cor
Noite escrava marcada com ódio e dor
Aceitou o envelope
Deu vida aos dias de tiros e lutos
Vergonhosos são os seus atos
Os sistemas corrompidos
Filhos da ambição
Calaram o futuro risonho
Órfão sem lugar no amanhã
Deram argumentos sem pé e nem cabeça
Os nossos ficando sem educação
Os vossos graduando nos estrangeiros
Ocultaram a verdade
O coração tornou-se frio
Por dispertar a madrugada a arte foi condenada a viver no silêncio.
Pensa... pensa, pare e veja o que nos fazes
Os vossos nascem em berço de ouro
Os nossos nascem na lata de lixo e vivem nos esgotos
Dormindo com os ratos
Pessoas feitas de lixo
Vós que cuspem-nos
Por vossa causa somos os nausabundos
No útero atrofiado
Trabalhamos duro
E no final ficamos nós os esfarrapados
E vós os engomados, os bem apresentados
Os tronos pertecendo a criminosos
Bixo preguiça
Estendido na vaidade
Nos sonhos altos
Com o bolso barato
Filho do demônio
Extorquindo o povo
Com copos dourados
Flores morrendo desnutridas
Sem comida e nem cadernos
Vós que brindam e festejam pelos massacres
Nós que ficamos sem sonhos de regressar a vida
Filhos da ignorância
Amantes do diamante de sangue
Olhos astutos
Vendeu a própria cor
Noite escrava marcada com ódio e dor
Aceitou o envelope
Deu vida aos dias de tiros e lutos
Vergonhosos são os seus atos
Os sistemas corrompidos
Filhos da ambição
Calaram o futuro risonho
Órfão sem lugar no amanhã
Deram argumentos sem pé e nem cabeça
Os nossos ficando sem educação
Os vossos graduando nos estrangeiros
Ocultaram a verdade
O coração tornou-se frio
Por dispertar a madrugada a arte foi condenada a viver no silêncio.
Jotta Gaso✍️"Direitos autorais reservados"
MUNDO ÁFRICA ...
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O punho e o cajado
A capulana e o chão descalço
O sol e as águas frescas
O sonhador e o pescador
Todos com a ilusão do pó
A capulana e o chão descalço
O sol e as águas frescas
O sonhador e o pescador
Todos com a ilusão do pó
Naquele monte
Lancei-me no olhar distante
Pertenço a terra das muitas etnias
De sonhos requintados
Saíram do ventre rezas
Os horizontes adentrando nos olhos pretos
Donos da natureza e das muitas riquezas
Vendo o futuro
Aguardando pelo passado
O presente atrasado
Os espíritos dos nossos antepassado vivendo a sua culpa
Do amanhã só Deus sabe
Nos ritmos e danças lembramos os que já se foram
Os antepassados protegendo os filhos
No calar da noite
Não são só historias que são agasalhadas pela fogueira
São dias que a raça viveu no mundo África
Não é só tradição
É o nosso rosto
É o que fala mesmo calado
A liberdade pintada em nossa pele
Nas grandes asas da cultura
Viver igual ao vento
Aqui é a minha casa
Aqui é onde nasci
Aqui é onde cresci
Aqui é onde morri quando acreditei que os mortos cuidam dos vivos.
Jotta Gaso✍️"Direitos autorais reservados"
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FERRO EM BRASA ...
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Era eu o dono da terra cheio de riquezas
Eu era o servo do patrão Europeu
Era eu de Changalane
Levava os gados as suas refeições diárias
Nem água tinha para calar a sede que inquietava-me
Com fome de ontem
Sem sombra dos meus pés
Sem descanso nos meus passos
Sem corpo para aguentar o sol ardente
Era carvão queimando
Era patrão exportando
Era eu comendo gafanhotos e ratos que apanhava no campo
Era eu sem pai e nem mãe
Se patrão levou para as águas
Naqueles barcos atracados cheios de negros
Dentro da incerteza do amanhã
A represália do ferro em brasa
A minha testa foi marcada como um gado pelo patrão
Por causa daquele bezerro que se perdeu pela mata
O cansaço tinha tomado conta dos muitos dias sem dormir
Os olhos já não ouviam mais
Nem os ouvidos viam mais
Nem mesmo eu já não estava mais vivo
-Era eu cadavel enquanto vivo
Feriu a minha pele preta
Com selo de ódio
Aos vermes ofereceram-me
Virei propriedade do patrão
A liberdade tirada em minhas mãos.
Jotta Gaso✍️"Direitos autorais reservados"
"Ferro em Brasa". Chagalane, Moçambique, 1973.
"No dia 25 de junho de 2022, Moçambique completou
47 anos como uma nação "independente".
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